Gresham na Política, segundo Sanchotene Felice...

                                Economista e Sociólogo, Sanchotene Felice

  Respeitado financista Inglês, Sir Thomas Greshan (1519 – 1579) foi conselheiro de Eduardo VI e da Rainha Isabel I. Entrou na história econômica da Inglaterra e do mundo como autor da Lei - não escrita – que leva seu nome. A “Lei de Gresham” teoriza que “a moeda má expulsa a moeda boa”. Sua lógica demonstra que onde circulam duas ou mais moedas, as pessoas se livram daquelas tidas como menos estáveis, usando-as como meio de pagamento nas transações, ao mesmo tempo em que entesouram a moeda com maior valor de reserva. Nesse processo, a moeda boa tende a sair de circulação e as ruins trocam de mãos rapidamente, mantendo-se como denominador comum de valores.

 Sua tese custou caro aos seus nacionais, mas salvou a Inglaterra da insolvência, abrindo caminho à expansão imperial dos séculos seguintes. Em crise de agora, o universo do Euro pode socorrer-se das assertivas do nobiliárquico britânico, cujo temperamento reservado contrastava com sua teimosia imbatível. 

 Se Sir Thomas Gresham viesse ao nosso tempo, 450 anos depois, é provável que ampliasse o foco de sua teoria. No universo brasileiro poderia proclamar virtudes e limitações das finanças e também da política, valendo-se de idêntico mecanismo comparativo. Diria que os maus políticos expulsam os bons. E seria compelido a afirmar que os vitoriosos nessa pugna expulsória não correspondem aos anseios mínimos da população. Os bons que perseveram, num heroísmo idealista, quase utópico, mantêm-se graças a sacrifícios inomináveis.

 Seria desejável que as manifestações pacíficas que se estendem pelo Brasil afora, com variados protestos ou reivindicações, invertessem o raciocínio de Gresham: os bons deveriam expulsar os maus, vândalos e corruptos. Não poderia haver engenharia mais eficiente para uma nação civilizada. 

 É contristador testemunhar a deserção de políticos honrados e capazes, sob o argumento de que não suportam mais as investidas cruéis de seus pares ou falsos companheiros. Retiram-se. Mas a nação deplora a desistência dos bons. E não tolera mais a voracidade dos maus. As ruas confirmam, neste tumultuado mês de junho de 2013. A juventude atônita exigindo mudanças saneadoras, reformas moralizadoras e adoção de práticas públicas racionais e honradas. Elas fazem nascer uma nova esperança coletiva para os brasileiros.


Sanchotene Felice
Economista e Sociólogo

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