É no saibro, no barro e na buraqueira que transita a exuberância da produção agrícola.
O resultado, além dos prejuízos econômicos, tem reflexos no número de óbitos,
que vem aumentando vertiginosamente.
Mesmo ocupando a quarta colocação como o Estado mais rico da
federação, o Rio Grande do Sul tem a menor malha rodoviária pavimentada
do país. Com minguados 7,2% das rodovias pavimentadas, sejam elas
estaduais, federais e vicinais, estamos abaixo da média nacional, que é
em torno de 13 quilômetros asfaltadas em cada cem.
E ainda mais embaixo
porque essa média nacional coloca o Brasil no último lugar em
pavimentação entre as 20 maiores economias mundiais. Isso significa que
em termos de estradas ainda estamos fincados nos padrões do século
passado. É no saibro, no barro e na buraqueira que transita a
exuberância da produção agrícola e, junto com o descaso e a má
conservação, na carona vão as perdas provocadas na economia regional e
estadual.
Não bastasse o atraso estrutural no investimento em rodovias
modernas e pavimentadas, o pouco que existe está em péssimo estado de
conservação e não atende as mínimas condições para a circulação de
pessoas e menos ainda da nossa atividade vocacionada, especialmente as
safras abundantes que têm acontecido no nosso Estado. Isto para não
falar no processo integratório com o Uruguai e a Argentina, que transita
pelo Rio Grande do Sul, com grande fluxo turístico no verão e cargas
durante todo o ano. Neste cenário é que se insere a questão dos pedágios
e a relação do governo estadual com o governo federal.
Enquanto os
trâmites burocráticos acontecem para a alteração de responsabilidade e
ocorrem as licitações para início dos serviços, as estradas estão
abandonadas mas o trânsito de veículos é contínuo e cada vez maior,
assim como aumenta a frota e o excesso de peso dos caminhões. O
resultado, além dos prejuízos econômicos, tem reflexos no número de
óbitos, que vem aumentando vertiginosamente. Outro agravante são os
congestionamentos constantes em trechos com boa pavimentação e
sinalização, como acontece nos entornos da região Metropolitana.
Verdade
é que a infraestrutura nacional não se preparou para o surto de
crescimento e atividade econômica da atualidade. Não existe uma política
pública efetiva que contemple uma questão de tanta dimensão e
importância. É definitivo, sem estradas e outros modais, como o
ferroviário e o hidroviário, é impossível garantir o ir e vir de pessoas
e cargas. Da mesma sorte, sem aeroportos e uma política para a aviação
nos dias atuais, o objetivo do transporte
rápido e necessário também afeta a vida das pessoas.
Se queremos
mobilidade, desenvolvimento e segurança viária, a discussão sobre o
pedágio não pode se restringir ao debate político ou a uma relação
precária com as concessionárias. Deve buscar a qualificação do
transporte e garantir o trânsito seguro. Por estas razões este tema
está em aberto. A sociedade precisa aprofundar o debate e encontrar
urgentes soluções.
Afonso Motta
Advogado e produtor rural
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