Em 1901, Alberto Santos Dumont contorna a Torre Eifell com um dirigível

     Exatamente 109 anos mais tarde, em 13 de Julho de 2006, um médico uruguaianense cogitou a criação de um serviço de Cardiologia que estivesse ao alcance de todos os uruguaianenses, ricos e pobres. Tudo começou no ano de 2003. Na ante sala do gabinete do Prefeito municipal, um médico aguardava uma entrevista com o Chefe do Executivo municipal.

   Em sua pasta, ele carregava um projeto para a saúde de Uruguaiana, e uma grande oportunidade para uma gestão política. Mas, com os cofres públicos endividados, ninguém teria a coragem de assumir uma grande responsabilidade.

   Diante de tantas frustrações, Campodonico continuou embebido de esperança: ter para Uruguaiana um serviço de Cardiologia. O projeto parecia uma utopia.  Inquietação e otimismo exagerados pareciam vindas de um episódio maníaco, retornando ao gabinete dezenas de vezes, sem sucesso.

  Campodonico, dirigiu-se então ao Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, fato que costumeiramente fazia todos os anos. Lá, às 20 horas do dia 13 de julho de 2006, entregou ao Dr. Oscar Pereira Dutra, braço direito do diretor do Instituto de Cardiologia, o projeto de construção de um serviço de Cardiologia em Uruguaiana. Fato que foi levado pelo próprio Dr. Dutra na manhã do dia 14 de Julho, ao gabinete do Professor Ivo Nesralla – Diretor e presidente do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul.

   No fim de semana, Felice e Nesralla conversaram por telefone, e na manhã de segunda-feira, em Uruguaiana, Campodonico atou a conversa entre Dr. Ivo e Prof. Felice. E ficou acertado um encontro entre as duas lideranças. A municipal de Uruguaiana e a presidência do Instituto de cardiologia. 

   Ultrapassada esta barreira, a idéia de implantar um serviço de cardiologia ainda era tratada com descrédito por várias lideranças médicas conservadoras do município, Campodonico, a pedido do próprio professor Nesralla, teve uma iniciativa muito bem elaborada para fortalecer a união entre os colegas médicos, o Instituto de Cardiologia e a Prefeitura Municipal.

   E no dia 26 de outubro de 2007, no Salão de atos da Prefeitura Municipal de Uruguaiana, Campodonico organizou o simpósio de Cardiologia de Uruguaiana, com a unânime colaboração de todos os segmentos envolvidos com a sociedade médica: Corpo Clinico da Santa Casa, Sindicato Médico, Sindicato de enfermeiros, PUC, UNIMED, Prefeitura Municipal, RBS.

   Enquanto se desenrolava o simpósio, o Prefeito municipal reunia-se a portas fechadas com Nesralla e Campodonico, juntamente com os colegas cardiologistas de Uruguaiana e de Porto Alegre. Logo ao final da jornada, às 18h50min, o prefeito dirigiu-se ao salão de atos e diante de centenas de pessoas presentes, ouviu-se: “Uruguaiana terá um hospital de cardiologia”.

   Estava nascendo ali, um dos maiores projetos na área da saúde que se tem noticia até hoje para a região.

   A alusão ao pai da aviação Santos Dumont aos norte americanos não é em vão. À exemplo da aviação, essa paternidade do Instituto de Cardiologia atribuída a vários segmentos é positiva e de enorme valor, “significa que o vôo um dia sonhado, é realidade”, diz Campodonico, médico cardiologista; uma vez aplaudida por todos, ninguém mais acreditará que não dará certo. 

   Jamais na história de Uruguaiana a Saúde teve tão grande progresso e investimento, graças a atuação da Prefeitura municipal, culminando com a criação do instituto de cardiologia de Uruguaiana, que teve na figura do Dr. Campodonico, seu fio condutor.

Texto: Professor Paulo Molina - de Santa Maria (RS)