Até bem pouco seria impensável a utilização de sofisticada
tecnologia na avaliação dos atletas participantes das partidas de
futebol. Até porque sobre Pelé e Garrincha, fenômenos da jogada
individual e da efetividade necessária, gols e vitórias, jamais se
pensou qualquer controle ou avaliação de performance.
Acontece que agora, equipamentos acompanham os jogadores
durante as partidas, medem a velocidade média, distância percorrida
pelos atletas, sua direção e trajetória no gramado, ritmo e precisão. É a
adoção de uma espécie de programa de monitoramento do jogador.
O
objetivo é o controle físico do atleta, seu desgaste e lesões
musculares, bem como informações para ditar posicionamento e tática nos
próximos jogos. Isto passará a ser fundamental para a formação
profissional no futebol.
Mas a tecnologia intensiva nos gramados não se esgota nos
atletas, ao contrário, maior investimento vem sendo realizado em
equipamentos de detecção de imagens e segurança.
Dentro do campo os
avanços tecnológicos ainda são polêmicos, como a facilidade de
utilização de câmeras direcionadas às traves para informar ao árbitro
quando a bola cruzar a linha. De outra parte, robustos sistemas de
vigilância sobre os torcedores, podendo identificá-los à distância e
acompanhar a movimentação vão ser constantes na Copa do Mundo, que vamos
realizar no Brasil.
Enfim, o futebol está assimilando inovações e
tecnologias que podem transformar radicalmente a feição de um embate
esportivo em que a criatividade brotava exclusivamente dos atributos dos
atletas e de uma organização clubística e de liga precárias.
Agora é espetáculo e como tal deverá se submeter à dimensão
da tecnologia e comunicação. Sem dúvidas o show de imagens aproxima o
público dos detalhes das partidas aumentando o interesse e paixão pelo
esporte.
Porém, há os que acreditam que tal tecnologia pode acabar com a
magia do futebol. O ponto eletrônico sendo usado como uma escuta para
o juiz é um exemplo clássico dessa polêmica. Decisões de árbitros que
voltaram atrás em jogadas fundamentais para o resultado de jogos dividem
as opiniões de comentaristas e especialistas.
Outra questão relevante que pode ser levantada é como a
tecnologia pode interferir nas decisões erradas e até de má fé da
arbitragem. É notório que em partidas de Copa do Mundo já aconteceram
resultados induzidos por decisões injustas de árbitros e até fatores
extra-campo que acarretaram em eliminações de seleções como no jogo
entre Argentina e Peru, em 1978 onde o placar foi de 6 a 0.
Tempos
depois os próprios jogadores peruanos admitiram ter recebido US$ 50 mil
cada para entregar e deixar a Argentina ir para a final. Até que ponto a
tecnologia pode resolver problemas ou evitar distorções e como usá-la
para incrementar o partida sem abrir mão de seu brilhantismo genuíno é a
questão que fica para ser respondida no futuro. Mas o avanço
tecnológico é inevitável.
Afonso Motta
Advogado, produtor rural e
Secretário de Estado/RS
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